Na BBC inglesa, em 1964, em lugar de criar documentários com aparência de filmes de ficção, como já se fazia há muito tempo, o diretor Peter Watkins decidiu trilhar o caminho inverso: ou seja, produzir dramas, ou narrativas dramáticas usando técnicas de documentários. O resultado então foi o clássico “Culloden”: assim se chama a história da Revolta Jacobita de 1745 na Inglaterra.
Quase ao mesmo tempo, em 1966, um dos pais e pioneiros do neorrealismo, Roberto Rosselini apresentava na RAI italiana o drama (ou docudrama) “A Tomada do Poder por Luis XIV”, filmado na França e revelando um modo fazer cinema a cores, mas de modo um tanto semelhante ao de Peter Watkins.
Por sua vez, o britânico Watkins, em no docudrama Culloden filma um tiroteio de canhões, quase em tempo real. Trata-se aí da última guerra civil travada na Inglaterra, ou seja, um drama central na História daquele país.
Se fosse numa novela de TV, ou melhor ainda, num seriado de TV a cabo, ninguém iria estranhar que a monarquia absolutista pudesse ser transformada numa conto de fadas...
Trata-se da super série Versalhes, que aliás vamos comentar num dos próximos programas. Versalhes é o nome do Palácio que Luiz 14 construiu e de onde governava. Mas, series como esta nos ensinam que o cinema é capaz de filmar pensamentos e palavras que moldaram o nosso mundo. Como esta, em que o Rei sol Luis 14 informava ao mundo que “letá cé moá”, ou seja, “Estado sou eu”.